quarta-feira, 24 de outubro de 2012

NEGAR-SE À OMISSÃO!


I
Este, talvez, seja um dos grandes desafios dos nossos tempos: acreditar que ainda é possível fazer alguma coisa no confronto com a banalização da vida e a hegemonia da bizarrice. Em outras palavras: crer que ainda é possível buscar e, sobretudo, encontrar caminhos que possam nos retirar, por um lado, da fuga ilusória que são os ritos catárticos que dominam as massas de hoje e, por outro, o tédio mortal da modernidade, como já disseram alguns, e que domina alguns saudosistas de um tempo. Nada, porém, como querer acabar com a festa e a explosão do "non sense" a que todas as juventudes têm o direito. Apenas insistir para a realidade de que a vida não se reduz a isto. Luz demais obscurece, já se disse. Mas ignorância demais não traz luz alguma. Nos faria bem "jogar" (to play) a história mesmo sabendo que não a fazemos, fazendo-a.

II
Ouvi recentemente explanação sobre a Crise da Racionalidade Científica em decorrência do fato de este tipo de conhecimento não nos ter resolvido o problema das desigualdades sociais e nem aqueles provenientes das insatisfações mais profundas do ser humano. Dizia o nobre conferencista: daí explicar-se o retorno do interesse pelas religiões e o pensamento mágico. Fiquei pensando: mas do que ele está falando? Na Europa não há um mínimo sinal de retorno ao Pensamento Mágico. Este, continua, isto sim, a predominar onde ainda não se consolidou a Racionalidade Científica e o chamado Processo de Secularização que avança sobre o mundo e continua a exigir que as Grandes Religiões promovam, com urgência, uma séria e profunda re-significação dos seus valores básicos. Caso contrário, adeus ba-bau, só  mesmo esperando que a boa vontade de Zéfiro faça-o soprar ventos novos sobre a humanidade. Ou que tenhamos o sagrado atrevimento de acreditar que Zéfiro aguarda a nossa iniciativa e restauremos a SABEDORIA.